A roda começou reflexiva. Quase calada. Os pais, os adultos chegaram e exercitaram uma “escuta atenta” às questões de suas crianças. Sobre o tempo. Sobre uma escola para brincar. Sobre escola. Que escola é essa que convida e congrega os pais a pensarem juntos? Que tempo é esse tão “precioso” e ao mesmo tempo “preciso” na infância dos dias de hoje. Sim. Todas essas questões levantadas em segundos, e o que era silêncio e reflexão, tornou-se uma roda daquelas bem falantes e cantadas, todos desejavam este mesmo tempo, o momento de aprender com o outro, a escuta, o diálogo, a paciência, a plenitude.
E assim, de pouco em pouco, os adultos desta roda se posicionaram no lugar de suas crianças, contaram coisas, trouxeram outras, falamos de filhos, de vida, de amigos, de casa de vó, de alimentação, de choros, birras, falamos de crianças para crianças.
A escola é um espaço de crianças e com crianças, de adultos que mantém uma relação sólida e viva com a sua criança, dos mesmos adultos que foram crianças, que se posicionam diante delas com extremo respeito, enxergando-as. Ver não é a vontade de ver, olhar sim. Olhar é humano, é ter alcance das coisas, é posicionar, cria empatia, torna belo.
A escola é um lugar para todos. Para as crianças de hoje, de ontem, de sempre. A escola comunga a infância do lado de dentro, não deixa escapar tal beleza e poesia, é o espaço das famílias, do diálogo, da troca, do saber, do sabor, do encantamento pelas linguagens e ciências. A escola é o lugar do novo, do inédito, mas também de ontem, experiência de um tempo que nos torna mais fortes e acessíveis para o mundo.
Façamos esta escola juntos, com tempo, nem lá e nem cá, agora, vivendo a magia de cada dia, sem atropelos ou avanços que não respeitam e tampouco celebram a dádiva da infância, o sujeito criança e seu tempo, único. E o que cabe a nós, pais, adultos? Cabe à roda, a ciranda, a cantiga que nos embala e sopra que há um tempo, olho no olho, há histórias, magia, brinquedo e brincadeira, família reunida, uma porção de palavras, uma infinidade de desenhos e cenários, afeto, afeto, afeto...
Porque é disso que as crianças têm verdadeira “precisão.”
Texto para ilustrar o Encontro de Pais da Escola Raio de Sol por Guga Cidral, coach
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