Há dois anos, tenho experienciado um encontro "bem de perto" com a Escola Raio de Sol. Fruto deste trabalho é o movimento, ainda no começo, leve e brando vivo intensamente um momento com os professores e outro contato com as crianças. Sobre o trabalho com a equipe, tem sido muito caloroso e proveitoso a ideia de pensarmos a existência dessa "criança" há pelo menos 35 anos na escola, dessa mesma criança que habita o "Raio", desde então. Sempre dialogamos as memórias. As famílias que por aqui passaram. Falamos de algumas derrotas, dos erros, conquistas e partidas. Natural é falar disso. Juntos formalizamos encontros possíveis de reflexão, argumentação e escuta. Encontros para provocação, nortear coisas, fatos e novas tendências do mercado educacional. Um programa de Coaching. Sou grato pela generosidade da equipe, bem como à atenção que depositam na arte de educar. Mas, o que pouca gente sabe, é o carinho e atenção que nutro pelo Raio. Desde a primeira vez que estive na escola, o ar, a forma, a disposição física, a casa, as pessoas, as paredes, enfim, tudo que norteia o equipamento educativo, lembram os meus dias no Jardim de Infância, para tanto, não a toa "Jardim Raio de Sol"... É uma doce lembrança. É como se fosse uma casa de avó. Logo na entrada, somos recepcionados por sorrisos e luzes que irradiam entre o vermelho e amarelo do entorno, uma jornada gostosa rumo ao fascinante mundo das descobertas e da imaginação.
Um jardim de infância com grande feitos e direitos. Salas bem ambientadas, comidinhas leves e saborosas, pátios, brinquedos, "profes", ambiente colorido e satisfeito em sorrisos que brotam de todos os lados. Janelas grandes se abrem para o modesto e rico espaço e a vida das crianças é um eterno brincar por entre os corredores, vãos, parque e as salas. Móbiles colorem os tetos, desenhos espalham poesia pela varanda da escola, cercada de um pequeno jardim. Uso a poesia para descrever uma escola, ela apresenta um tamanho muito maior que possa aparecer. O Jardim Raio de Sol é gigante em suas artimanhas e fazeduras. O espaço tem a limitação ideal para a quantidade de crianças que ali habitam. Temos o número exato de boa risadas, desejos e vontades dessa criançada linda. Temos o número certo para qualidade dos serviços. Temos a urgência e a necessidade de colocar em primeiro lugar o afeto, o carinho com as crianças como premissa e visão de nossas contribuições pedagógicas. Este jardim, mais que modesto, é irrigado com muito amor, troca, incentivo e luta por uma educação feita de pele, espanto e cada vez mais das ações que protagonizem a presença dessa criança.
É um jardim semeado de infância, com luz e energia para dar sequência aos planos e alcances pedagógicos. É um jardim pelo exercício das cantilenas, das falas e exploração dessa criança forte, capaz e autêntica. Uma criança que acredita para um professor que acredita. É um jardim feito de sonhos e realidade. Sabemos que nem tudo é "assim assado", nem cantos e nem flores, mas "saibamos" de nossa grande responsabilidade em exercê-la com muita verdade e dignidade. Damos o que temos. Somos o que somos. Para que o jardim cresça, flor e fruto amadureça, é preciso refletir, ouvir, errar muito e acertar. Temos a base, o chão da casa, os alicerces definidos. O que falta? Quase nada ou pouca coisa. A escola não é medida pela tecnologia, pelos equipamentos modernos, tampouco por materiais e outros implementos que geram status. Esta escola é um jardim feito de materiais humanos e valores indispensáveis. Amor, carinho, olhar atento e a vez da criança. O espaço da Criança. Isso tudo há.
Precisamos que as famílias compartilhem deste quintal irrigando com presença, escuta e valorização das crianças. Valorizar cada detalhe, tempo e descobertas desta criança. Precisamos florescer o tempo, a vida, as pessoas, tudo feito AFETO, a mão, bem natural, com o jeito de cada um, afinal, nosso jardim é diverso e carece de mais empatia, vida, mais luz. Eu acredito na criança no poder do "Jardim de Infância". Eu sou Raio de Sol.
Texto: Guga Cidral - Educador e Coach Educacional
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